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Responsabilidade Legal

Responsabilidade Legal por Diagnósticos Médicos Errados da IA

23 de Dezembro, 2025

A integração da Inteligência Artificial no diagnóstico médico promete revolucionar a saúde, oferecendo análises mais rápidas e precisas de exames de imagem, dados genômicos e históricos de pacientes. No entanto, essa promessa vem acompanhada de uma questão legal complexa e ainda não resolvida: se uma IA comete um erro de diagnóstico que resulta em dano ao paciente, quem é o responsável? O hospital que implantou o sistema, o desenvolvedor que criou o software, ou o médico que confiou na recomendação da ferramenta?

O cenário legal é nebuloso e está sendo ativamente debatido. Várias doutrinas legais podem ser aplicadas. A responsabilidade do produto (product liability) poderia responsabilizar o desenvolvedor do software se for provado que o algoritmo era defeituoso 'por design'. A negligência médica, por outro lado, foca no padrão de cuidado. Se o uso da IA se tornar o padrão da indústria, um médico que *não* a utiliza poderia ser considerado negligente. Inversamente, um médico que confia cegamente em uma recomendação da IA, ignorando seu próprio julgamento clínico, também poderia ser responsabilizado.

No centro deste debate está o conceito emergente de 'negligência médica algorítmica'. Para se defender em um processo judicial, um hospital ou médico precisará demonstrar que o sistema de IA foi devidamente validado, que seus vieses eram conhecidos e mitigados, e que o médico humano atuou como um 'supervisor informado'. A explicabilidade (XAI) torna-se crucial aqui; a capacidade de explicar *por que* a IA chegou a uma determinada conclusão pode ser a chave para a defesa em um litígio.

Atualmente, a tendência legal aponta para um modelo de responsabilidade compartilhada, onde o médico humano permanece como o responsável final pela decisão clínica, usando a IA como uma ferramenta de auxílio ao diagnóstico, não como um oráculo infalível. Isso sublinha a importância de treinar os profissionais de saúde não apenas para usar as ferramentas de IA, mas também para entender suas limitações e manter um ceticismo clínico saudável, garantindo que a tecnologia sirva para aumentar, e não substituir, o julgamento humano.